24 de novembro de 2013

Adaptações vegetais e quando a vida acontece

Faz tempo que não escrevo por aqui. Minha ideia original era escrever seguido e trazer fatos novos em ciência, além de discutir tópicos já conhecidos, porém a vida aconteceu. Aconteceu na forma de uma cachorrinha atropelada em frente a minha casa, na forma de uma organização de congresso e três apresentações orais (segunda foto abaixo) neste respectivo congressso, e na forma de um congresso em Nashville (Tenesse, EUA) (primeira foto abaixo). O problema de quando a vida acontece é que tudo o que planejamos fazer fica para depois, como no caso do blog.




Em meio a tantos percalços da vida só nos resta nos adaptarmos. Assim como fazem as plantas ao ocuparem diversos ambientes. Já perceberam como as plantas de diferentes locais possuem estruturas, tamanhos e formas diferentes? São essas modificações especiais que permitem que as plantas habitem locais como desertos, mangues, florestas, ambientes gelados.
Os cactos não possuem folhas para evitar a dessecação, evitando a perda desnecessária de água. As plantas de mangues possuem estruturas especializadas na remoção do sal para a manutenção de sua concentração osmótica. Infelizmente nao existem muitos videos em portugues sobre este assunto, entao trago dois em ingles mesmo. Sao bem interessantes e educativos. Enjoy!



Plant adaptations
Plant adaptations 2

24 de outubro de 2013

Eletricidade animal!


Cada vez que se anuncia a descoberta de uma nova espécie de vertebrado me lembro do quão pouco sabemos sobre a vida na Terra, em especial quando é uma espécie com características extremamente peculiares, como os peixes elétricos. Estes animais possuem músculos esqueléticos modificados para gerar um campo elétrico, chamados de órgãos elétricos. As células dos órgãos elétricos são chamadas de eletrócitos e estão empilhadas em colunas. Em geral, são peixes que habitam águas turvas, onde a luz não penetra e os olhos são pouco funcionais. A geração do campo elétrico permite o atordoamento de presas, a exploracão do ambiente e até mesmo a comunicação. Mais do que ser uma nova espécie identificada, o trabalho científico indica que se trata de um novo gênero! Alguns dos gêneros conhecidos por suas descargas elétricas são Torpedo (raia elétrica), Malapterurus (bagre elétrico) e Electrophorus (poraquê sul-americana), que possui os choques mais potentes com descargas elétricas entre 500 e 600 V!!! Entretanto, a maioria dos peixes elétricos produzem descargas elétricas fracas.
Os ambientes aquáticos são abundantes em campos elétricos (todos os animais geram campos elétricos em decorrência do atividade muscular e nervosa), de forma que perceber a eletricidade é extremamente vantajoso. Os tubarões possuem um sentido elétrico bem desenvolvido, apesar de não produzirem descargas elétricas: detectam presas enterradas no fundo oceânico! O vídeo abaixo mostra diversos peixes elétricos fracos.



Bibliografia:

Moyes, C. D., Schulte, P. M., 2010. Princípios de fisiologia animal. 2a ed. Artmed, Porto Alegre. 756p.
Hill, R. W., Wyse, G. A., Anderson, M., 2012. Fisiologia animal. 2a ed. Artmed, Porto Alegre. 894p.

21 de outubro de 2013

As plantas e seus órgãos


As plantas e seus órgãos têm sido utilizados pelos humanos desde a antiguidade para os mais diversos fins. Destaco três utilidades atuais pertinentes à sociedade levando em consideração o seu desenvolvimento. Um dos grandes problemas enfrentados hoje é a quantidade de plástico feito a partir de petróleo utilizada. Por ser um material muito barato, mas de alta durabilidade, seu uso tem sido discutido. Entre as alternativas elaboradas para mitigar este problema está a exploração dos popularmente chamados bioplásticos biodegradáveis, por exemplo aqueles produzidos a partir do amido do milho, da mandioca ou da batata, da celulose e de óleos vegetais. Grande enfâse tem sido dada aos polihidroxialcanoatos (PHA), poliésteres lineares produzidos naturalmente por diversos organismos, conjugados com fibras vegetais (Snell e Peoples, 2009). A utilização de "plásticos" derivados de plantas permite a diminuição do uso de petróleo, além da criação de embalagens mais amigáveis ao ambiente. 


Outra utilidade das plantas explorada atualmente é a fabricação de combustível, como o etanol derivado da fermentação dos carboidratos do milho e da cana-de-açúcar e o biodiesel produzido através da transesterificação de óleos vegetais, como os óleos de soja e girassol (Matthews, 2009). O desenvolvimento dos chamados biocombustíveis visa encontrar alternativas aos combustíveis fósseis, que são fontes de energia não-renovável e extremamente poluidoras. Entretanto, existe a preocupação da utilização do solo e da água com culturas não destinadas à alimentação, já que é preciso uma grande quantidade de biomassa vegetal para suprir a atual demanda de energia. Uma alternativa a esse problema seria a produção de biocombustível a partir de microalgas marinhas, o que tem sido pesquisado por diversas empresas, incluindo a Petrobrás.


As propriedades medicinais dos vegetais, conhecidas e exploradas pelos diferentes povos há muito tempo, continuam a ser amplamente estudadas, enfocando-se principalmente as suas capacidades antioxidantes. Acredita-se que o envelhecimento natural ocorra devido ao estresse oxidativo gerado como consequência da utilização de oxigênio pelas células para a obtenção de energia, um processo chamado de pró-oxidante. Para combater este processo, as células possuem um sistema inerente de defesa antioxidante. Algumas substâncias encontrada nos vegetais também possuem capacidade antioxidante, prevenindo e diminuindo os danos causados pelo processo de oxidação (Pantey e Risvi, 2009). Entre essas substâncias estão o resveratrol, encontrado nas uvas e presente em abundância nos vinhos, o caroteno encontrado na cenoura, a vitamina C presente nos frutos cítricos, os flavonóides, como a isoflavona da soja, e os polifenóis, como aqueles encontrados no chá verde (Gupta e Sharma, 2006). Muitas outras plantas e seus órgãos possuem propriedades antioxidantes, sendo utilizados em diversas pesquisas científicas, em especial naquelas que concernem doenças do sistema nervoso.
       


O mundo vegetal guarda mistérios ainda desconhecidos pela humanidade, de forma que devemos continuar em busca de novas utilidades para as plantas, porém sempre com a consciência de proteger o ambiente.

Bibliografia:

Gupta, V.K., Sharma, S.K., 2006. Plants as natural antioxidants. Nat Prod Rad. 5, 326-334.
Mathews, J.A., 2009. From the petroeconomy to the bioeconomy: integrating bioenergy production with agricultural demands. Biofuels, Bioprod Bioref. 3, 613-632.
Pantey, K.B., Risvi, S.I., 2009. Plant polyphenols as dietary antioxidants in human health and disease. Oxid Med Cell Longev. 2, 270-278.
Snell, K.D., Peoples, O.P., 2009. PHA bioplastic: A value-added coproduct for biomass biorefineries. Biofuels, Bioprod Bioref. 3, 456-467.

20 de outubro de 2013

Ah, o extremo sul do Brasil...

Meu primeiro post oficial é para falar sobre a região em que moro. São quase 13 anos morando no extremo sul do Brasil, em uma cidade chamada Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Vim fazer faculdade de oceanologia e acabei ficando por aqui. Essa região é uma imensa planície costeira, com uma grande e peculiar diversidade biológica. Uma das minhas atividades preferidas no inverno gelado e ventoso de Rio Grande é ir até a praia do Cassino e observar as aves costeiras que habitam ou migram para cá.

Ao fundo, os molhes da barra do Rio Grande.


O pequeno Charadrius collaris, conhecido popularmente como batuíra-de-colar, habita toda a costa brasileira (única espécie de batuíra a ter essa ampla distribuição geográfica).

Por aqui aparecem visitantes até do Ártico: Calidris canutus, C. fuscicollis e Pluvialis dominica vêm de lá, onde fazem seus ninhos! 

Esta espécie de gaivota (Larus maculipennis) é comum por aqui o ano todo, mas esse capuz marrom é característico da plumagem nupcial.

Para visulizar melhor a beleza do sul, deixo como sugestão vídeos produzidos pela universidade em que estudei. A FURG (Universidade Federal do Rio Grande - FURG) é referência em estudos do ambiente costeiro e marinho. É preciso acessar o site Ecomidia (http://www.ecomidia.pro.br/videos.html) e de lá baixar os documentários! Espero que gostem!

P.S.: As fotos são todas de meu arquivo pessoal.

17 de outubro de 2013

Inaugurando mais um blog! Este tem gostinho especial: é para falar de vida, ou melhor, do estudo da vida! É para falar de biologia! A ideia aqui é escrever sobre curiosidades, novidades e reflexões sobre a biologia, de forma que as pessoas tenham acesso a um conteúdo científico de forma divertida. Espero que gostem!

Falando um pouco sobre mim: sou oceanóloga, mestre e doutora em Ciências Fisiológicas pela Universidade Federal do Rio Grande-FURG. Trabalho há 10 anos com efeitos fisiológicos de contaminantes em animais estuarinos e marinhos, e gosto muito do que faço. Também gosto de dançar, conversar sobre ciência, ler, rir e passear na praia, além de adorar cachorrinhos.